Nas noites quentes sou cigana
danço nas bordas caóticas
o território da paixão e do deslumbramento
em que eu-bicho-ventania&exclamação, sou
médium atravessada pelas coisas-seres dos mundos
E digo sim ... sina-mulher de abertura
E me recrio, eu-mais-que-eu fogo e água...
Nas noites quentes sou o gozo de santa Tereza
e Juana Inês
(e rezo para que me livrem do eu-família,
eu-vestido-de-instituição, torre-pai fechada )
Sou mais pro lobo e matilha
Subverto a razão e vivo num mundo estético
o amor de Frida Kahlo & o Abaporu.
Nas noites quentes sou a loucura do feminino
e sua dimensão criadora
calor e só
Fruta, fruto & paz.
“Há quem
diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não
tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os
sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as
épocas do ano, dormindo ou acordado.”
(Shakespeare)