terça-feira, 16 de agosto de 2011

Nossa Senhora dos Prazeres
me iniciou em seus Mistérios
Mãe da Vida, Mãe de sim
Mãe dos pêlos e dos bueiros

Mãe do corpo
De cheiro de noite quente
Sua benção - mãe divina - pelo gosto de amar com amor de bicho
Claro como a Lua Cheia         

Mãe das Nove Mil Alegrias e algumas outras tristezas
Seu  êxtase é paz das cigarras
E paz inteira de quem sabe se entregar ao gozo.

Nossa Senhora, a dos prazeres
me deu o instante mágico e a eternidade dos deuses
para ver cair, vazia,
mais uma tarde qualquer.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Você me diz que sou flor
E acha que me apanha para o enfeite de seu ordenado jardim
E eu me calo, menino, no meu abismo
De flores selvagens
Das grandes e soberanas flores na mata
Das flores escuras.

E meus olhos e meus lábios e minha pele te dizem  sim
E pela verdade, nada mais podem dizer
no abismo-palavra de nossos corações.
É que o labirinto-mistério desse coração fêmea
está longe, mas tão longe de ser  a flor conhecida que seus olhos podem ver.

E meus olhos e meus lábios e minha pele te dizem sempre sim
Por razões, meu menino, completamente diversas às que pressupõe
Seu olhar reto e sua juba de rei
É que seu dourado brilha
Como seu dourado brilha...

Um coração de leoa estremece sem porquês.